Por Barry Fingal Floyd
Assim que chegamos em Dublin nos deparamos com um imenso sol, rompendo com todos os prognósticos que a cidade vive sob as nuvens e muita chuva. Estava um clima agradável, a sensação térmica, por causa do vento intenso é de que está mais frio do que realmente está. Descemos do avião e fomos seguindo o fluxo até chegar nos corredores da imigração, estávamos cansados e deixamos que todos na nossa frente passassem pela GARDA.
Depois do Samul foi a minha vez, o oficial da GARDA era muito tranqüilo e simpático, pediu meus documentos e quando viu que eu era brasileiro perguntou se eu era amigo do Samul, o que tornou muito mais fácil, ele logo partiu para a documentação sem muitas perguntas, pediu para ver o extrato do dinheiro e depois tirou uma foto. Em seguida carimbou meu passaporte e meu deu as instruções para ir até o escritório da GARDA até o dia 6 de novembro para regularizar a minha situação para o próximo ano.
Nos dirigimos para o saguão de bagagens e rapidamente identificamos nossas bagagens, para a surpresa de todos nenhuma das quatro bagagens fora extraviada. Passamos em uma espécie de banca de revista e compramos um cartão para usar no ônibus, esse cartão custa 21 euros, mas pode ser utilizado durante cinco dias infinitamente e não precisam ser cinco dias consecutivos. Além disso, poderíamos usar esse cartão para pegar o ônibus de conexão aeroporto-Dublin Centre que custa 6 euros.
Quando saímos do aeroporto sentimos a diferença no clima logo de cara, tudo por causa do vento. Não esperamos muito e pegamos o conexão. O passeio foi agradável, a cidade é muito bem estruturada e apesar das ruas serem estreitas, todos os motoristas sem exceção respeitam a sinalização e os limites de velocidade. Inclusive, no inicio pensei que eu não teria paciência para dirigir aqui, mas logo reconheci que sou quem não dirige certo, por que aqui as coisas funcionam muito bem no trânsito.
Seguimos até o centro e descemos com nossas pesadas malas. Mortos de fome, não quisemos arriscar muito e partimos direto para o Burger King. Primeira experiência com o inglês e hora de saciar a fome. Ficamos na dúvida pois também havia o Mc Donalds e o Subway. Depois do lanche, hora de encontrar um meio de chegar ao nosso endereço. Um senhor parecendo um policial foi nosso alvo, nova experiência com o inglês e nos saímos bem, ele riu depois que viu o endereço e brincou “a long distance”. Depois nos indicou um ponto de ônibus e nos disse para perguntar aos motoristas.
Chegamos ao rio que corta a cidade – nunca lembro o nome dele – e perguntamos para os motoristas que nos indicaram o 15B para chegar ao nosso destino. Não demorou muito, o ônibus chegou. Duas senhoras simpáticas ficaram rindo da mala do Sean, que tinha um imenso laço amarelo para ser reconhecida. Uma delas inclusive tentou erguer a mala e nos ajudar, mas era muito pesada. Ficamos rindo uns dos outros. Dentro do ônibus, pedimos ao motorista que nos indicasse o melhor ponto para descer, mas ele nos disse que era melhor descer e pegar o 15ª, pois este pararia mais perto. Mais risos das senhoras ao saberem que estávamos no ônibus errado. “Bye bye sympatic ladies, wrong bus!”
Novamente o transporte público provou seu valor e rapidamente estávamos no ônibus. No revezamento que estávamos executando, ficou como meu dever dessa vez pedir ajuda ao motorista e ele disse que nos avisaria quando estivesse perto. Apesar da Go To London nos informar que não ficaríamos a mais de meia hora da escola, o ônibus rodou por quase uma hora ou mais e o motorista indicou o lugar que deveríamos descer.
Começamos a andar, eu já tinha procurado o endereço no Google Street View e pensei ter reconhecido o local, pedimos a ajuda de um senhor, ele disse que não tinha certeza, mas deu seu pitaco, mais na frente, foi a vez de uma senhora nos ajudar. Paramos para descansar, mas nesse exato instante veio a chuva. Apressamos o nosso passo puxando aquelas malas de 30 ou mais quilos além das mochilas. Quando a chuva cessou, encontramos um grupo de crianças. “Hey guys, can you help us”, meio sem graça vieram nos ajudar e o garotinho que meu deu as melhores informações era na verdade uma menina encapuzada. Seguimos até o supermercado, pedimos ajuda novamente e encontramos a placa de “Rossmore” não a avenida, mas sim a região. Pedimos informação mais duas vezes, então dois caras fizeram um verdadeiro auê na rua, pararam um carro e nos indicaram o caminho. Seguimos em direções diferentes, mas lá na frente encontramos os mesmos caras que deram uma volta em seu caminho e ajudaram a encontrar a casa em que ficaríamos hospedados.
Tocamos a campainha e uma moça nos atendeu com um “oi”, fui a loucura, não agüentava mais pedir informação em inglês, era a Estael, a moça que limpa a casa. Ela nos apresentou a casa, nos deu as chaves, explicou as normas da casa e o funcionamento de alguns aparelhos. Nos assentamos, Samul e Sean em um quarto e eu em um outro quarto, dividindo com outro brasileiro, um Piauíense e um primo distante Lucas Bastos. Conhecemos também o Rafael de Itajubá Minas Gerais, mas ele já se mandou para outra casa.
Mesmo mortos tomamos banho e arrumamos as coisas no quarto. O Rafael estava indo para o centro da cidade e fomos até o supermercado com ele, apenas para conhecer o loca. Lá, conhecemos os “Nackers” uma espécie de marginais da Irlanda. Tinham caras de maus, roupas de marca, cabeças raspadas e cuspiam no chão. O Rafael nos falou para tomar cuidado com eles, quando perguntamos por que, ele disse que eles podiam jogar ovos e tomates na gente. Não sei vocês, mas eu prefiro levar tomatadas e ovadas do que tiro e facada.
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