• "In the merry month of Octuber, from my home I started. Left the girls of BH, nearly broken hearted. Saluted father dear, kissed my darlin' mother, Drank a pint of beer...

    quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

    Crise nas infinitas terras...

    Por Barry Fingal Floyd

    Se eu entro no MSN, chove nego me perguntando como tá a crise, todo mundo quer saber de emprego e cada um tem uma piadinha para minha capacidade ladina perante o dinheiro irlandês. Mas crise é um trem que eu acho engraçado ou então o trem é sério e eu nunca vivi uma de perto para poder dizer que de fato a Irlanda está passando por uma. Oras, crise… eu vou no centro e tá toda aquela irlandesada branquela com cabelo de fogo carregando sacola de tudo quanto é loja, é bem verdade que a maioria são da Penneys – uma equivalente da C&A por aqui – esses dias vi um jogo de rugby e o estádio estava lotado, pow e os ingressos mais baratos são 80 euros, por isso eu não fui, mas a galera da crise estava toda lá.
    A pior crise irlandesa é o clima, ele está passando por um momento difícil, se durante três dias fazem sol, os próximos três são totalmente imprevisíveis, de chuva a nevasca, tsunami a furacão, tem de tudo. Nas palavras de thiaguinho, musicista brasileiro, linha de frente do exalta isso aqui “táááá um caaaaaus”. Acho que economicamente a Irlanda tá igual seu próprio clima, hora chove – na outra também – depois seca, bate uma ventania e ninguém sabe o que realmente está acontecendo.
    Mas aqui tem crise demais, na última semana mesmo fui atacado por uma delas. Minha garganta dói, sabe aquela tosse seca que levanta o catarro? Tira da garganta, mistura com o da narina joga na língua. Já fiz de tudo para conter a crise, banho quente, beber água quente, própolis, extrato e até um remédio que eu trouxe do Brasil eu já usei, mas nem deu nada, bula? Pra que? Tomei um paracetamol também… ou dois… e tem um chá, horrível que eu encarei e só ficou bom com dois dedos de leite.
    E se tem crise tem menina crisenta, tem gente que não quer molhar o pé, mas veio para a Irlanda em outubro, quando supostamente começa a temporada de chuva. Tem que chegou fazem duas semanas e já tá querendo ir embora, mudar de cidade, fugir da raia. Pergunto por que? Porque não arrumou emprego, peraí, vão fazer dois meses que eu to aqui e o mais próximo de um emprego que eu tenho é lavar a louça um ou dois dias na semana e eu nem to recebendo por isso. Mas e o tal do emprego? Tá difícil? Tá? Num sei, sinceramente eu nem comecei a me matar de procurar emprego, lancei uns curriculuzinhos no mercado, de leve para sondar o local, mas eu ainda não sai andando por todas as ruas da cidade distribuindo papel. Bom Vivant? Não! Folgado? Não! Tem respaldo do papai? Bem queria, mas é só uma questão de estilo, cada um tem o seu.
    Falando em lavar louça, tem a crise das tarefas domésticas. Eu não gosto de tabela, detesto ver meu nome cravado na terça-feira escalado para lavar o banheiro. O problema não é lavar o banheiro, o problema é quando a sua obrigação se torna a cobrança dos outros. Se na escala consta meu nome eu vou lá e faço e se eu tenho que fazer na terça-feira, na terça estará pronto. O problema é que a terça tem 24 horas meu querido e como eu não durmo nem quatro horas, provavelmente quando eu decidir fazer a arrumação, alguém correu e fez na minha frente. Não, não é questão de ser folgado, antes que venham me acusar. Ok, eu entendo que tem gente que não gosta de ver a pia cheia de vasilha, entendo perfeitamente, mas se eu levanto as sete horas da manhã e no lugar do bom dia eu ganho cara fechada e “você não vai lavar esses copos?” eu mando tomar no olho do cu. Me deixa morder o pão, Tenente Rocha disse: “Cada cachorro que lamba sua caceta” , se você não suporta ver três xícaras na pia, ou você lava ou você espera eu tomar meu café para fazer tarefa doméstica.
    Tem a crise de identidade. Você acorda e tá na Irlanda, aí você vai ao supermercado e tá todo mundo falando português, você entra no MSN e sua mãe te da sermão, briga com você e te faz mostrar os dentes na webcam para ver se estão bem escovados. Uai, onde que eu to e quem sou eu? Amigo vira família, família vira amigo, patrão vira cuzão, argentina fica gente boa e a Polônia tá tão de ponta cabeça quanto Irlanda, Portugal e Grécia (Essa nem conta, vender ilha para pagar a dívida é novidade para mim).
    Se eu for descrever todas as crises, vou acabar gerando um colapso na cabeça dos amigos. A verdade é que se a Globo e a veja tão mentindo outra vez eu não sei, mas ainda não senti a tal crise irlandesa que parece estar batendo em tudo por aqui. Se me acertar eu provavelmente vou cair, mas a nossa esperança é que o Brian Cowen (Vulgo BIFFO – Big Ignorant Fucker From Offaly*) pegue o empréstimo da União Européia e continue sustentando os irish desempregado, aí sobra mais sub-empregos para nós.
    *Um dos 26 estados que formam a República da Irlanda.

    Burocrirish

    Por Barry Fingal Floyd

    Burocracia é algo que existe em qualquer lugar. No Brasil a gente é influenciado a acreditar que nós somos um país burocrático, na verdade somos um país lento. Burocracia está para nações tal qual cerveja está para nós. Quando chegamos morávamos a uma hora (de ônibus – de dois andares e tudo) do centro, depois passamos para uma casa que ficava a 40 minutos (de pé) do centro, agora estamos em um apê que fica 20 minutos (caminhando) da escola.
    Mas não estou aqui para falar de distâncias, estou aqui para falar de documentação. Aaah sim, mas me lembrei qual era a relação de distância… Como morávamos muito longe do centro e não tínhamos um endereço fixo – Como assim? A primeira casa em que moramos era uma residência estudantil que valia por apenas uma semana – não podíamos tirar o PPS (todo mundo fala que isso é tipo um CPF, pra mim é tipo uma carteira de trabalho imaginária) e nem abrir a conta no banco, logo também não podíamos ir na imigração e pegar o visto eterno, que aqui é chamado de VISA e não é aceito no Burguer King, McDonalds e se quer no Supermacs!
    Quando fomos morar na Malahide Road, com o Crazy Polish, Andrian Jiruskas, demos inicio ao processo burocrático. Primeiro fomos até a escola falar com a Luzinete, uma brasileira que já não sabe mais falar português direito, pegamos com ela três cartas de recomendação, uma para o banco, a segunda para o PPS e a terceira para a imigração. Com as cartas em mãos, fomos tirar o PPS, quando chegamos lá, as 14h20, logo depois da nossa aula encontramos uma fila imensa, SIIIIIIIIM uma fila, parecendo até a receita federal. Sabe como é, brasileiros, cansados, com fome… resolvemos deixar para o dia seguinte.
    No dia seguinte, menos fila, mais agilidade. Eu geralmente gosto de ser o segundo (somos 3 para quem não sabe) na hora de fazer algo, por que eu tenho uma certa vergonha do meu inglês. Mas nesse dia eu fui o primeiro. Quem me atendeu foi uma mocinha, casada, pouco simpática (ao contrário da maioria Irish que eu conheci até agora) e que não me deu as indicações corretas. Sem dificuldades preenchi os papeis enquanto ela xerocava a carta da escola e meu passaporte. Sem muito papo, apenas um “Seu PPS irá chegar em até três dias úteis nesse endereço.”
    A.      Medo! Aqui em Dublin rola uma coisa engraçada, as vezes existem quatro ruas com nomes parecidos que compõem um quarteirão, como se fosse Rua da Bahia, Viela da Bahia, Passada da Bahia e Avenida Bahia. E eu tinha a impressão que a nossa avenida, Malahide sofria do mesmo mal.
    A.a Nós perdemos a chance de alugar um apartamento por causa disso. Supostamente estávamos esperando na frente da casa da Summerhill Road, mas na verdade era uma outra Summerhilll…. enfim… pouco importa, lá era ruim e aqui é melhor.
    B. Afinal de contas o que é PPS? É sua carteira de trabalho imaginária, sem ele você jamais (NUNCA SERÃO) empregados nesse país. É apenas uma carta com um número que representa você para os seus futuros empregadores.
    Então fomos ao banco, no outro dia claro, por que primeiro eu precisava comer. Aí eu já to até mais espertinho no inglês, de vez em quando eu perco uma informação, balanço a cabeça positivamente, fica por isso mesmo é uma beleza. No banco, mais formulário e a noticia de que teríamos que esperar por mais três dias úteis para receber o cartão e o extrato, aquele mesmo que supostamente deveria ser apresentado na imigração, mas como você tem 0 de saldo não vai apresentar em lugar nenhum.
    Eis que na semana seguinte, com tudo em mãos, voltamos ao banco. Por que? É necessário fazer o depósito do dinheiro que você trouxe do Brasil para a sua conta na Irlanda. Eu trouxe o vtm, que ainda não encontrei nenhum santo lugar que o aceite, e transferi o montante para minha conta no AIB – Bank of Ireland. Tudo resolvido? Não, espera mais três dias para você receber o novo extrato, com os valores atualizados e aí sim poder ir até a imigração. Depois descobri que, se eu tivesse pedido a mocinha do caixa – mais simpática que aquela do PPS – por um extrato, ela teria me dado um na hora.
    Passado o prazo do banco, pegamos todos os nossos documentos para ir na imigração. Quando eu vim para cá, me diziam que para ir na imigração você precisa chegar lá as 6h da manhã se quiser pegar fila para ser atendido (Alguma semelhança? Fila… senha… se quiser ser atendido) Já em Dublin, o que os brasileiros dizem e fazem (ou dizem estar fazendo) é chegando na fila as 5h da manhã, um inclusive disse que foi as 3h. Ignoramos esses conselhos, como bons idiotas que somos, chegamos na fila as 7h da manhã e adivinhem? Pegamos senha para ser atendido no mesmo dia as 14h da tarde. O senhor que distribuía as senhas ainda brincou comigo ao ver o extrato e o passaporte brasileiro. “Moito Legal, moito obrigado”.
    Fomos para aula e depois voltamos para o Escritório da imigração com nossas senhazinhas. Lá fomos nós três e o Kalango, nosso amigo piauiense. Claro que o apelido é por ele morar na parte suja do seu estado – mentira, ele é rico, trabalhava na coca e morava em Fortaleza – Lá, como bons bobos ficamos jogando adedanha ou adedonha, como você preferir, até descobrirmos que estávamos esperando as senhas do painel errado. Ainda bem que a gordinha brasileira nos ajudou a descobrir isso. De toda forma, o nosso painel era ainda mais lento. Deu 18h e fomos atendidos, pouca conversa, muitos documentos e uma foto simpática para estampar minha GNIB, tipo a identidade dos gringos daqui. Aliás, é nessa hora que você paga os 150 euros, esse valor é pela carteirinha.
    Depois, mais meia hora de chá de cadeira para a carteirinha ser confeccionada e para recebê-la juntamente com o passaporte. Nós somos chamados em um alto falante pelo nome e a nacionalidade, mas com 200 pessoas, uma de cada país falando uma coisa diferente eu nunca entendi a mulher chamar por “Brazilian, Marcelo Moraes”, todo mundo pegou a GNIB e eu tive que esperar mais uma rodada para recebê-la. Ponto final, passaporte carimbado até dia 10 de outubro de 2011.

    terça-feira, 2 de novembro de 2010

    Residencial Cracóvia

    Por Barry Fingal Floyd

    Quando chegamos em Dublin a diferença em horas para o Brasil era de quatro horas. Como vocês entraram no horário de verão, tiveram de adiantar os seus relógios em uma hora, mas para melhorar ainda mais a situação, algo do qual eu já desconfiava se confirmou. A Irlanda, ou melhor, a Europa, já estava no horário de verão desde o final de Março e no último final de semana, 31 de Outubro, chegou ao fim o “Summer time” por aqui, assim, nós tivemos que regredir uma hora nos nossos relógios. O que isso quer dizer? Que agora a diferença Dublin-Bh é de apenas duas horas, no entanto, desde que isso aconteceu não tive contato com ninguém da minha família (risos).
    Há um tempo atrás... sim, eu já perdi meia noção de tempo por aqui... nós havíamos encontrado uma casa para morar por aqui. No inicio a casa parecia uma maravilha, exatamente, PARECIA. Em um dos nossos banquetes noturnos, comentei com os caras que essa casa em que estamos agora seria uma ótima residência no Brasil, mas aqui, definitivamente não é. Para começar, se comparado com a primeira casa, essa aqui está muito mais perto do centro. Em Templeogue, nosso ônibus demorava mais ou menos uma hora até o centro, aqui em Marino nós gastamos uns 20 minutos.
    É, Marino é um nome muito bonito para um bairro, mas como bons brasileiros que somos, estamos mentindo. Todo mundo que mora no péssimo Carlos Prates em Belo Horizonte fala que mora no óóóótimo (ironia para quem não entendeu) Padre Eustáquio. Quem mora na favela do do Barcelona II diz que mora no Todos os Santos. Brasileiro gosta de parecer melhor do que é, pois bem, nós moramos na verdade em Donneycarney, mas falar Marino é muito mais legal.
    Daí que a casa tem quatro quartos, um para cada um de nós e mais um no andar de baixo para o Adrian Jiruska, o polonês que mora com a gente. O meu quarto tem a janela para o fundo da casa, logo, posso tomar cerveja em cima da cozinha. Na nossa primeira noite aqui eu resolvi sair na minha “varanda” e claro fui pego em flagrante pelo vizinho, mas ele não falou nada, pois estava fumando escondido nos fundos do jardim.
    No andar de baixo ficam a sala, cozinha, banheiro e um pequeno jardim. Tudo mobiliado. O Adrian tem um carro, a casa não tem garagem, mas é muito comum as pessoas estacionarem seus carros em cima da calçada, com bom senso lógico, nada que impeça o trânsito de pedestres. Logo nos primeiros dias descobrimos a primeira furada, a casa não tem um sistema de aquecimento legal, os quartos tem aquecedores elétricos, mas o banheiro por exemplo é na base do gás e demora uns 20 minutos para esquentar.
    Em seguida descobrimos, pelo nosso amigo polonês, que o boiler que esquenta o gás eleva a conta de luz as alturas. Depois chegamos que a casa não é tão perto do centro tal qual prevíamos, que não há supermercados por perto, aliás, nem tem muito comércio, e ela é fria, meu Deus como ela é fria, até comprei uma coberta. Aaaah, mas o banheiro... o banheiro é uma experiência única. É tipo o meu inferno pessoal. Ele é gelado, de um jeito que não tem como explicar, quando você entra lá, já começa a sair fumaça da sua boca. E para mijar? – Não sou politicamente correto, escrevo do jeito que eu falo – vou parafrasear ratinho para explicar o fenômeno que ocorre: “Ééééé amigo, hoje a cobra vai fumar”, literalmente sai fumaça. Cagar então nem se fala, que experiência, se você faz o tipo que senta no vazo, não rola, é muito gelado; Se você fica agachado sobre a tampa, não rola, é gelado; e a água? Quando ela sobe? Gelada. Tomar banho é legal, pro Diego, que tem um metro e meio. Dos meus 1,80m é impossível se encaixar embaixo da ducha, ou vai ajoelhado ou com simulando o corcunda de Notre Dame embaixo da cachoeira. Ereto não dá, aliás, ereto aqui, só congelado.
    Mas é divertido viver aqui. Ou era, por que nós estamos de mudança, o que gerou um certo conflito com o Anthony, o landlord daqui e proprietário do lugar. Enfim, a casa tem pontos positivos, o gás e a internet eram inclusos no valor do aluguel, que eu não divulgarei, sinto muito. E tem o Adrian, um polonês muito gente fina. É bom para praticar inglês e para se divertir, ele me confunde com o Bin, sempre que vem conversar comigo, inicia o dialogo assim: Marcelo?
    Ele sempre fala em maconha, acha que eu uso, ontem eu falava com ele sobre o Paraguai e o caso de alguns roubos de carro no Brasil que acabam indo para lá e logo ele soltou um: aaah, maconha, sim, sim, na Polônia não é bem visto... Ele não tem um inglês ótimo e a gente também não, então rola bastante mímica, mas é uma diversão a parte. Ele é vegetariano e trabalha em uma fábrica fazendo plataformas de concreto para serem colocadas em fazendas. Segundo ele, ele constrói plataformas para porcos cagarem em cima. Ele é um cara muito engraçado, tem uma cara de psicopata e usa ceroulas de madrugada para lavar roupa. Racho de rir. Apesar de tudo vamos nos mudar, para um lugar mais confortável e perto do centro. Hasta!

    sábado, 23 de outubro de 2010

    burocracias, anestesias e cervejas...

    Por Barry Fingal Floyd


                    Hoje completou 18 dias que estamos em Dublin. A grande verdade é que, passadas duas semanas eu ainda me sinto totalmente anestesiado em relação a estar ou não longe de casa. Inevitavelmente muitas coisas aqui deixam claro que estamos na Europa, mas há uma outra série acontecimentos que nos permitem sentir totalmente em casa. Fato é que ter que resolver burocracias relacionadas ao visto e a minha permanência aqui não me permitiram, ainda, parar e ficar pensando que estou na capital da Ilha Esmeralda.
                    Quando decidimos vir para Dublin, fechamos com a agência de intercâmbio (Go To London) uma semana de acomodação em residência estudantil. O que isso significa? Que a partir do dia em que chegássemos a cidade, teríamos sete dias de acomodação garantidos e depois disso tínhamos duas opções, arrumar outro lugar para ficar ou renovar nossa estadia na residência estudantil. O valor de uma semana nessa casa especificamente era quase meio aluguel e não compensava ficar por ali.             De toda forma, para quem estiver vindo futuramente eu não aconselho de maneira forma alguma contratar apenas uma semana do serviço, a não ser que esteja disposto a partir para a correria em busca de algo novo. Enfim, procuramos e encontramos.
                    Além de procurar a casa, tivemos que ir na escola (Eden College) para fazermos os testes e ver em que nível e turma nos encaixaríamos. Aproveitamos para retirar junto a escola algumas cartas de recomendação que seriam úteis para abrir a nossa conta no banco e conseguir o PPS, que é um registro sem o qual não se consegue trabalho aqui. Com a documentação em mãos nos dirigimos ao Bank Of Ireland, pertinho da escola, e abrimos a nossa conta. A moça do banco nos explicou que teríamos de esperar até sete dias para receber o número da conta com o primeiro extrato, as senhas e o cartão que nos seria endereçado em três diferentes correspondências. O mesmo foi dito pelos funcionários do PPS.
                    Com as cartas em mãos voltamos ao banco e fizemos o depósito dos 1000 euros na conta, assim já estamos aptos para nos apresentar a imigração e pegar o visa, ou o visto que garante a nossa permanência no país por um ano. No entanto ainda teremos que esperar mais uma carta do banco chegar com o extrato. Além de todas essas burocracias, agora nós precisamos nos preocupar com as compras da semana, gastos e procurar empregos. Assim, fica fácil se desligar do fato que estamos longe de casa.
                    Por outro lado, por não ter conseguido os empregos ainda, estamos evitando fazer gastos exacerbados que possam criar rombos em nossos orçamentos e não gastar reflete diretamente em viver Dublin. Afinal de contas, para viver um lugar é necessário abraçar a cultura local e fazer e participar daquilo que a cidade, região ou país te oferecem. O medo de extrapolar os gastos ainda nos impede de viver Dublin de forma integral.
                    Todos os dias eu levanto as oito horas da manhã, tomo café e vou para a aula, onde fico de dez da manhã até as duas da tarde, passeio pela região central, vou ao supermercado ou a Penneys, se necessário e volto para casa, aos poucos vou visitando os pontos turísticos da cidade, mas tenho despendido mais tempo fazendo lições e lendo livros do que propriamente vivendo a cidade. Por que? Simples, viver a cidade não é apenas estar nela, trabalhar e estudar aqui. Viver Dublin é consumi-la e respirar o ar que ela me oferece. Quem me conhece pode imaginar o meu sentimento ao passar diariamente na porta de diferentes Pubs e evitar entrar neles por não saber consumir apenas um copo de cerveja, aqui chamados “pints” – leia-se “paints”, ou qualquer som parecido com esse – e Confesso que acho 5 euros por uma pint de 500ml bem carinho... Na verdade, quando você está em época de vacas magras, tudo se torna um pouco caro. Enfim, a hora de viver Dublin intensamente chegará, por enquanto, nos contentamos com livros. Aliás, antes de me despedir, a intenção não é ser dramático ou triste, mas tem sido a nossa realidade, o que não quer dizer que não tenhamos feito coisas legais por aqui, inclusive indo em pubs e tomando uma cervejinha.

    Macarrão! Mamma Mia!!!

    Por Barry Fingal Floyd

                    Novamente acordei tarde. Mas tenho dormido bem diga-se de passagem. Desci para a cozinha e preparei minhas quatro tradicionais torradas com margarina, ontem rolou uma espécie de mini rocambole, era muito bom. Vi que tinha leite e aproveitei a água que o Sean já tinha fervido e fiz café com leite. Não lembro o que estava passando na televisão, mas já eram quase três horas.
                    Depois do nosso “almoço” a Estael chegou e começou a arrumar a casa, aproveitamos para mandar algumas mensagens para os landlords das casas que estávamos interessados. Depois que ela limpou os cômodos do andar de cima aproveitei para tomar um banho de banheira, estou tirando proveito da casa que eu paguei por uma semana. Depois partimos para o centro, estava um pouco mais frio, usamos tocas e luvas, mas nada muito exagerado, inclusive, dentro do ônibus não era necessário usar estes acessórios.
                    Chegamos no centro, dessa vez sem errar o ponto de ônibus e fomos direto para a loja da Vodafone onde o Sean abasteceu o seu chip com 10 euros para ligarmos para as casas que pretendemos alugar. Chegamos tarde no centro e fomos direto para o TESCO, o supermercado mais barato em Dublin. Estamos tentando falar só inglês, mas em um momento de tanta tensão, comprar comida, apelamos para o português.
                    Eu já estava tremendo de fome a essa altura, passando meu dia apenas com torradas. Compramos alho, arroz, macarrão, molho de tomate, sabão (tava osso tomar banho com shampoo hauhauha), refrigerante e carne. O Sean comprou chocolate e o Samul um chá. Voltamos andando tranquilamente pelo centro de Dublin e fomos direto para o ponto de ônibus, paramos em um lugar para o Sean comprar um hambúrguer.
                    Depois de uma hora de ônibus e de um louco que queria roubar meu celular e atacar uma loirinha que estava no banco do lado, corri para casa para começar a fazer o macarrão. Ah, esqueci de dizer que encontramos chocolate em pó e antes de fazer o macarrão eu tomei “Toddy”. O macarrão parece ter ficado delicioso, mesmo com o molho um pouco apimentado, está até dando água na boca só de falar nele. Acho inclusive que fui aprovado como cheff! Já são duas da manhã e amanhã tenho que levantar cedo para visitar uma das casas que queremos alugar. Partiu!

    Segundo dia

    Por Barry Fingal Floyd

                    Já conhecemos a casa, as pessoas que estão em torno da gente e agora vamos começar a conhecer Dublin. Na primeira noite dormimos tudo o que podíamos e não podíamos. Na verdade, como hiperativo que sou, acho que nunca dormir tanto em minha vida. Impressionante. O Lucas, que está morando com a gente na residência estudantil, já tinha saído mais cedo, estou dividindo o quarto com ele, depois ele me disse que fez muito barulho na parte da manhã, mas eu estava tão morto que nem levantei.
                    Ele deixou um mapa com os meninos, mas era um mapinha meio mal desenhado. Pegamos o ônibus, o 150, que é o único que vem de fato perto da casa onde estamos hospedados. Fomos no segundo andar, felizes, como bons brasileiros que somos. Ficamos admirados com os cenários que víamos pelas janelas. O ônibus passou do ponto final, mas idiotas que somos estávamos no segundo andar do bus e claro que não descemos. Depois que o ônibus parou em uma garagem e aí sim descemos.
                    Tivemos que andar uns três dias para chegar no Spire, uma grande torre que há no coração de Dublin. Aí foi fácil encontrar a loja da Vodafone, que era o nosso intuito. Compramos cada um o seu próprio chip, 10 euros. O vendedor disse que se a gente se registrar no site, vamos receber 15 euros de bônus no próximo mês e ainda explicou que ligações de Vodafone para Vodafones são gratuitas e ligações internacionais são apenas nove centavos o minuto. Mais tarde quando cheguei em casa liguei para casa e conversei rapidinho com minha irmã, afinal de contas vem apenas 15 cents de crédito.
                    Depois, ligamos para o número que o Lucas deixou com a gente e fomos com ele e a Bia, uma pernambucana que conhecemos aqui, em uma pizzaria. Uma fatia de pizza – por fatia leia-se algo que equivale a uma pizza média no Brasil – e uma coca cola lata por três euros. Satisfeitos, fomos comprar um adaptador de tomadas por que o padrão aqui é diferente e já que o governo teve a brilhante idéia de mudar o padrão que usávamos aí, ficou ainda mais difícil encontrar algo para carregar câmeras e computadores.
                    Passeamos um pouco por Dublin, o Lucas nos ajudou a encontrar a escola onde estudaremos, Eden College, lá conhecemos a Luziente, uma secretária brasileira que nos passou os horários que devemos ir lá na segunda-feira. Ela inclusive nos aconselhou a tentar pegar o endereço fixo com algum amigo para agilizar nossa documentação junto a GARDA. Depois o Lucas nos ensinou onde devemos descer do ônibus quando ele vier do Rossmore, que é o mesmo lugar onde devemos pega-lo para voltar para casa.
                    O Lucas decidiu ficar no centro, mas nós estávamos cansados e voltamos para casa. Aproveitamos para entrar na internet e falar com nossas famílias. Ficamos comendo torradas, nosso melhor sustento nesses últimos dias e ficamos acordados até tarde. Aproveitamos para procurar umas residências, pois temos apenas uma semana para ficar na residência estudantil. Para variar, estamos vivendo no fuso horário do Brasil e eu fui dormir as três horas da manhã daqui.