• "In the merry month of Octuber, from my home I started. Left the girls of BH, nearly broken hearted. Saluted father dear, kissed my darlin' mother, Drank a pint of beer...

    terça-feira, 2 de novembro de 2010

    Residencial Cracóvia

    Por Barry Fingal Floyd

    Quando chegamos em Dublin a diferença em horas para o Brasil era de quatro horas. Como vocês entraram no horário de verão, tiveram de adiantar os seus relógios em uma hora, mas para melhorar ainda mais a situação, algo do qual eu já desconfiava se confirmou. A Irlanda, ou melhor, a Europa, já estava no horário de verão desde o final de Março e no último final de semana, 31 de Outubro, chegou ao fim o “Summer time” por aqui, assim, nós tivemos que regredir uma hora nos nossos relógios. O que isso quer dizer? Que agora a diferença Dublin-Bh é de apenas duas horas, no entanto, desde que isso aconteceu não tive contato com ninguém da minha família (risos).
    Há um tempo atrás... sim, eu já perdi meia noção de tempo por aqui... nós havíamos encontrado uma casa para morar por aqui. No inicio a casa parecia uma maravilha, exatamente, PARECIA. Em um dos nossos banquetes noturnos, comentei com os caras que essa casa em que estamos agora seria uma ótima residência no Brasil, mas aqui, definitivamente não é. Para começar, se comparado com a primeira casa, essa aqui está muito mais perto do centro. Em Templeogue, nosso ônibus demorava mais ou menos uma hora até o centro, aqui em Marino nós gastamos uns 20 minutos.
    É, Marino é um nome muito bonito para um bairro, mas como bons brasileiros que somos, estamos mentindo. Todo mundo que mora no péssimo Carlos Prates em Belo Horizonte fala que mora no óóóótimo (ironia para quem não entendeu) Padre Eustáquio. Quem mora na favela do do Barcelona II diz que mora no Todos os Santos. Brasileiro gosta de parecer melhor do que é, pois bem, nós moramos na verdade em Donneycarney, mas falar Marino é muito mais legal.
    Daí que a casa tem quatro quartos, um para cada um de nós e mais um no andar de baixo para o Adrian Jiruska, o polonês que mora com a gente. O meu quarto tem a janela para o fundo da casa, logo, posso tomar cerveja em cima da cozinha. Na nossa primeira noite aqui eu resolvi sair na minha “varanda” e claro fui pego em flagrante pelo vizinho, mas ele não falou nada, pois estava fumando escondido nos fundos do jardim.
    No andar de baixo ficam a sala, cozinha, banheiro e um pequeno jardim. Tudo mobiliado. O Adrian tem um carro, a casa não tem garagem, mas é muito comum as pessoas estacionarem seus carros em cima da calçada, com bom senso lógico, nada que impeça o trânsito de pedestres. Logo nos primeiros dias descobrimos a primeira furada, a casa não tem um sistema de aquecimento legal, os quartos tem aquecedores elétricos, mas o banheiro por exemplo é na base do gás e demora uns 20 minutos para esquentar.
    Em seguida descobrimos, pelo nosso amigo polonês, que o boiler que esquenta o gás eleva a conta de luz as alturas. Depois chegamos que a casa não é tão perto do centro tal qual prevíamos, que não há supermercados por perto, aliás, nem tem muito comércio, e ela é fria, meu Deus como ela é fria, até comprei uma coberta. Aaaah, mas o banheiro... o banheiro é uma experiência única. É tipo o meu inferno pessoal. Ele é gelado, de um jeito que não tem como explicar, quando você entra lá, já começa a sair fumaça da sua boca. E para mijar? – Não sou politicamente correto, escrevo do jeito que eu falo – vou parafrasear ratinho para explicar o fenômeno que ocorre: “Ééééé amigo, hoje a cobra vai fumar”, literalmente sai fumaça. Cagar então nem se fala, que experiência, se você faz o tipo que senta no vazo, não rola, é muito gelado; Se você fica agachado sobre a tampa, não rola, é gelado; e a água? Quando ela sobe? Gelada. Tomar banho é legal, pro Diego, que tem um metro e meio. Dos meus 1,80m é impossível se encaixar embaixo da ducha, ou vai ajoelhado ou com simulando o corcunda de Notre Dame embaixo da cachoeira. Ereto não dá, aliás, ereto aqui, só congelado.
    Mas é divertido viver aqui. Ou era, por que nós estamos de mudança, o que gerou um certo conflito com o Anthony, o landlord daqui e proprietário do lugar. Enfim, a casa tem pontos positivos, o gás e a internet eram inclusos no valor do aluguel, que eu não divulgarei, sinto muito. E tem o Adrian, um polonês muito gente fina. É bom para praticar inglês e para se divertir, ele me confunde com o Bin, sempre que vem conversar comigo, inicia o dialogo assim: Marcelo?
    Ele sempre fala em maconha, acha que eu uso, ontem eu falava com ele sobre o Paraguai e o caso de alguns roubos de carro no Brasil que acabam indo para lá e logo ele soltou um: aaah, maconha, sim, sim, na Polônia não é bem visto... Ele não tem um inglês ótimo e a gente também não, então rola bastante mímica, mas é uma diversão a parte. Ele é vegetariano e trabalha em uma fábrica fazendo plataformas de concreto para serem colocadas em fazendas. Segundo ele, ele constrói plataformas para porcos cagarem em cima. Ele é um cara muito engraçado, tem uma cara de psicopata e usa ceroulas de madrugada para lavar roupa. Racho de rir. Apesar de tudo vamos nos mudar, para um lugar mais confortável e perto do centro. Hasta!

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