Mas não estou aqui para falar de distâncias, estou aqui para falar de documentação. Aaah sim, mas me lembrei qual era a relação de distância… Como morávamos muito longe do centro e não tínhamos um endereço fixo – Como assim? A primeira casa em que moramos era uma residência estudantil que valia por apenas uma semana – não podíamos tirar o PPS (todo mundo fala que isso é tipo um CPF, pra mim é tipo uma carteira de trabalho imaginária) e nem abrir a conta no banco, logo também não podíamos ir na imigração e pegar o visto eterno, que aqui é chamado de VISA e não é aceito no Burguer King, McDonalds e se quer no Supermacs!
Quando fomos morar na Malahide Road, com o Crazy Polish, Andrian Jiruskas, demos inicio ao processo burocrático. Primeiro fomos até a escola falar com a Luzinete, uma brasileira que já não sabe mais falar português direito, pegamos com ela três cartas de recomendação, uma para o banco, a segunda para o PPS e a terceira para a imigração. Com as cartas em mãos, fomos tirar o PPS, quando chegamos lá, as 14h20, logo depois da nossa aula encontramos uma fila imensa, SIIIIIIIIM uma fila, parecendo até a receita federal. Sabe como é, brasileiros, cansados, com fome… resolvemos deixar para o dia seguinte.
No dia seguinte, menos fila, mais agilidade. Eu geralmente gosto de ser o segundo (somos 3 para quem não sabe) na hora de fazer algo, por que eu tenho uma certa vergonha do meu inglês. Mas nesse dia eu fui o primeiro. Quem me atendeu foi uma mocinha, casada, pouco simpática (ao contrário da maioria Irish que eu conheci até agora) e que não me deu as indicações corretas. Sem dificuldades preenchi os papeis enquanto ela xerocava a carta da escola e meu passaporte. Sem muito papo, apenas um “Seu PPS irá chegar em até três dias úteis nesse endereço.”
A. Medo! Aqui em Dublin rola uma coisa engraçada, as vezes existem quatro ruas com nomes parecidos que compõem um quarteirão, como se fosse Rua da Bahia, Viela da Bahia, Passada da Bahia e Avenida Bahia. E eu tinha a impressão que a nossa avenida, Malahide sofria do mesmo mal.
A.a Nós perdemos a chance de alugar um apartamento por causa disso. Supostamente estávamos esperando na frente da casa da Summerhill Road, mas na verdade era uma outra Summerhilll…. enfim… pouco importa, lá era ruim e aqui é melhor.
B. Afinal de contas o que é PPS? É sua carteira de trabalho imaginária, sem ele você jamais (NUNCA SERÃO) empregados nesse país. É apenas uma carta com um número que representa você para os seus futuros empregadores.
Então fomos ao banco, no outro dia claro, por que primeiro eu precisava comer. Aí eu já to até mais espertinho no inglês, de vez em quando eu perco uma informação, balanço a cabeça positivamente, fica por isso mesmo é uma beleza. No banco, mais formulário e a noticia de que teríamos que esperar por mais três dias úteis para receber o cartão e o extrato, aquele mesmo que supostamente deveria ser apresentado na imigração, mas como você tem 0 de saldo não vai apresentar em lugar nenhum.
Eis que na semana seguinte, com tudo em mãos, voltamos ao banco. Por que? É necessário fazer o depósito do dinheiro que você trouxe do Brasil para a sua conta na Irlanda. Eu trouxe o vtm, que ainda não encontrei nenhum santo lugar que o aceite, e transferi o montante para minha conta no AIB – Bank of Ireland. Tudo resolvido? Não, espera mais três dias para você receber o novo extrato, com os valores atualizados e aí sim poder ir até a imigração. Depois descobri que, se eu tivesse pedido a mocinha do caixa – mais simpática que aquela do PPS – por um extrato, ela teria me dado um na hora.
Passado o prazo do banco, pegamos todos os nossos documentos para ir na imigração. Quando eu vim para cá, me diziam que para ir na imigração você precisa chegar lá as 6h da manhã se quiser pegar fila para ser atendido (Alguma semelhança? Fila… senha… se quiser ser atendido) Já em Dublin, o que os brasileiros dizem e fazem (ou dizem estar fazendo) é chegando na fila as 5h da manhã, um inclusive disse que foi as 3h. Ignoramos esses conselhos, como bons idiotas que somos, chegamos na fila as 7h da manhã e adivinhem? Pegamos senha para ser atendido no mesmo dia as 14h da tarde. O senhor que distribuía as senhas ainda brincou comigo ao ver o extrato e o passaporte brasileiro. “Moito Legal, moito obrigado”.
Fomos para aula e depois voltamos para o Escritório da imigração com nossas senhazinhas. Lá fomos nós três e o Kalango, nosso amigo piauiense. Claro que o apelido é por ele morar na parte suja do seu estado – mentira, ele é rico, trabalhava na coca e morava em Fortaleza – Lá, como bons bobos ficamos jogando adedanha ou adedonha, como você preferir, até descobrirmos que estávamos esperando as senhas do painel errado. Ainda bem que a gordinha brasileira nos ajudou a descobrir isso. De toda forma, o nosso painel era ainda mais lento. Deu 18h e fomos atendidos, pouca conversa, muitos documentos e uma foto simpática para estampar minha GNIB, tipo a identidade dos gringos daqui. Aliás, é nessa hora que você paga os 150 euros, esse valor é pela carteirinha.
Depois, mais meia hora de chá de cadeira para a carteirinha ser confeccionada e para recebê-la juntamente com o passaporte. Nós somos chamados em um alto falante pelo nome e a nacionalidade, mas com 200 pessoas, uma de cada país falando uma coisa diferente eu nunca entendi a mulher chamar por “Brazilian, Marcelo Moraes”, todo mundo pegou a GNIB e eu tive que esperar mais uma rodada para recebê-la. Ponto final, passaporte carimbado até dia 10 de outubro de 2011.